Texto extraído de: FONTES, Adilson Braga.
Notícias de Afonso Cláudio: a história de
Afonso Cláudio contada pelos jornais:
1881-1949. Campinas: Abrafo, 2014.
Em 6 de novembro de 1884[1], o jornal O Cachoeirano trazia a curiosa
notícia da longevidade de um centenário guanduense, informando que: “no Rio da
Cobra (Guandu) existe um homem, João
(Joaquim) José da Silva, vulgo Eleutério, que segundo dizem pessoas do lugar e
pelas histórias que ele próprio refere, conta mais de 136 anos de idade.
Casou-se duas vezes: sua primeira mulher morreu com sessenta e nove anos e a
segunda que ainda existe, tem cinquenta e oito anos mais ou menos. Este segundo
Matusalém acha-se no gozo de todas as suas
faculdades físicas e morais. Faz ele próprio todos os anos suas roças e ainda
este ano ajudou seus filhos a fazerem uma derribada.”
Em 1886, por ocasião de sua visita ao então
arraial do Alto Guandu, o bispo D. Pedro Maria de Lacerda
conheceu o longevo personagem guanduense, tomando notas em seu diário sobre o
homem (para mais detalhes, consulte o artigo "Visita do Bispo D. Pedro Maria de Lacerda a Afonso Cláudio (1886)".
Anos depois, o velho Eleutério era notícia
novamente em O Cachoeirano que, em 12 de
abril de 1891[2],
reproduzindo nota de o jornal Commércio do Espírito Santo,
deu a seguinte notícia:
“Por ocasião de proceder-se ao
recenseamento na vila Afonso Cláudio, reconheceu-se existir ali um indivíduo de
nome João (Joaquim) José da Silva, por alcunha Eleutério, com 155 anos de
idade, no gozo de todas as suas faculdades mentais, viajando ainda uma légua a
pé, transpondo uma serra bastante íngreme, carregando
algumas vezes sobre os ombros dez litros de sal.”
Ainda dizia a nota que “esse indivíduo
possui uma roça de milho calculada em ¾ de planta, toda preparada por ele, isto
é, roçado, plantio e capinas”.
Finalmente, em 2 de setembro de 1894[3],
faleceu em Rio da Cobra, João (Joaquim) José da Silva,
vulgo Eleutério Velho, que, segundo a notícia, contava
134 anos de idade.
O jornal O Alto Guandu noticiou que o
velho Eleutério tinha 48 anos quando D. João VI veio para o Brasil e que o
finado contava que fizera o primeiro rancho no Rio de Janeiro quando a cidade foi inaugurada.
Deixou uma prole numerosa no estado do
Espírito Santo e fora dele também.
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