José Cupertino Figueira Leite



Por Adilson Braga Fontes
Contato:abrafo@gmail.com

Nascido em 18 de setembro de 1874, em Santo Antônio de Pádua, Estado do Rio de Janeiro, era filho de Galdino Leite Ribeiro e D. Julia Figueira Breves, neto materno do Visconde da Silva Figueira (ver também http://www.marcopolo.pro.br/genealogia/paginas/cantagalo_flontra.htm).
Galdino era irmão de Custódio Ribeiro Leite, dono do Hotl Custório. 
Faleceu em Vitória, em 23 de agosto de 1924, sob suspeita de envenenamento, sendo sepultado nessa cidade, no Cemitério de Santo Antônio.
Deixou sua terra natal transferindo-se para o Estado do Espírito Santo, mais precisamente em Afonso Cláudio, onde inicialmente se dedicou ao comércio, profissão que abandonou cedo porque não era aquele ramo que almejava para si. Segundo Giestas apud Vieira, “José Cupertino foi comerciante, solicitador, funcionário da Justiça Estadual e político.”
Antes de vir para o Espírito Santo, quando tinha 17 anos, cursava o "Ateneu" de Cantagalo, RJ.
Casou-se em 1893, em Afonso Cláudio com a D. Astroldina Guilhermina Gomes (possívelmente parente de Adolpho Rodrigues Gomes), "nascendo desse matrimônio os filhos, Júlio, Adalgiza e Irene, ocasião em que exerceu interinamente o cargo de Promotor de Justiça da Comarca do Guandu.
Iniciou-se na vida pública partidária em 1903, quando foi eleito vereador e Presidente da Câmara.
Governou o município de 1903 a 1907. Durante o seu mandato, buscou a elevação da Vila de Afonso Cláudio à categoria de cidade, negado pelo Governo Estadual, tendo em vista não existir competência legal para tal.
Pela Lei Municipal nº 102, de junho de 1903, José Cupertino, como Presidente do Governo Municipal de Afonso Cláudio, autorizou a construção da primeira ponte, ligando a parte norte ao sul da cidade, pois até aquela época o Rio Guandu era transposto em rústicas pinguelas.
Decorria o ano de 1906 quando enviuvou-se. "Em 1907 contraiu novas núpcias com D. Marfisa de Barros, com quem teve os seguintes filhos: Dulce, Jacy, Hermes, Nice, Jurandy, Marfisa e Maria.
Explorou os serviços de luz e força da cidade e adjacências, autorizado que fora pela Lei nº 54, de 11 de julho de 1917.
Neste mesmo ano, foi eleito deputado estadual e, reeleito em 1920 e 1923.
"Foi Tabelião de Notas do Cartório do 2° Ofício da Comarca durante muitos anos". Cartório este que situava no local do Hotel Custódio.
José Cupertino aliava à sua aparência elegante o valor de seu espírito esclarecido e humanitário, sempre voltado para as ações que beneficiassem a comunidade.
Adquiriu todo o instrumental da "Banda Euterpe Guanduense", bem como os uniformes que valorizavam aquele conjunto musical.
José Cupertino inaugurou a luz elétrica em Afonso Cláudio, em 21 de abril de 1920. Época que não existiam ainda rodovias onde pudessem ser transportados os materiais da usina. O único recurso foi encaminhar todo o maquinário por estrada de ferro, até a cidade mineira de Aimorés, de onde foram transportados por carros de bois, tendo como condutor do comboio o não menos histórico Felício Parreira de Souza - chamado à época, carinhosamente de: Vovô Felício - que, para aquele trabalho recebeu o apoio do fazendeiro Sebastião Gonçalves do Nascimento (Avó de Totó – Sebastião Cypriano da Nascimento).
A usina de luz elétrica foi instalada próximo à residência do próprio José Cupertino, no bairro que hoje é conhecido por Bairro Campo Vinte, antes da primeira ponte. O local da instalação da usina passou a se chamar de "máquina".
Na grande casa de morada de José Cupertino eram hospedados os visitantes ilustres que se dirigiam à pequena cidade. Aquela grande casa era também ponto de encontro das famílias amigas e de autoridades locais, onde discutiam as notícias mais recentes, vindas das capitais Federal e Estadual. Desenvolviam ali leituras de bons livros e desfrutavam do privilégio de ouvir os últimos discos chegados de Vitória ou do Rio de Janeiro, na vitrola que pertencia à grande casa de morada de José Cupertino.
Colaborou efetivamente para a criação do Jornal "O Affonso Cláudio", do qual foi, mais tarde, o seu proprietário, jornal esse que hoje traz muitas saudades, uma vez que o mesmo deixou de ser editado.
Em 1921, conseguiu a ligação telefônica para Afonso Cláudio, via Itarana e Santa Tereza.
Assim foi sua trajetória de vida. Trajetória essa que o imortalizou na História do Espírito Santo e de Afonso Cláudio, realizando obras para o engrandecimento deste município, no campo da cultura, educação, comunicação, transporte, social e filantrópico.
José Cupertino, homem livre e de bons costumes, foi o fundador da Loja Maçônica "Aurora Guanduense", hoje transformada na loja simbólica "José Cupertino', nº 1846 - Oriente de Afonso Cláudio.

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Fonte:


VIEIRA, José Eugênio. Afonso Cláudio (ES): cronologia de sua história política, administrativa e cultural. Vitória, 2009.