sexta-feira, 27 de março de 2020

Coronel Bimbim


Origem e família – Alto Capim
Secundino Cypriano da Silva nasceu em 1895, no distrito de Alto Capim, Aimorés, MG, denominado anteriormente de São Sebastião do Alto Capim, mas também conhecido como “Barra Alegre”. Faleceu no dia 18 de abril de 1964, de ataque cardíaco, foi sepultado no Alto Capim, “num sepultamento que reuniu mais de cinco mil pessoas, entre jagunços, deserdados da sorte e companheiros de crimes”.
Nasceram também nesse distrito, o líder petista Perly Cypriano (sobrinho-neto de Bimbim e o deputado estadual capixaba, Cláudio Vereza. Mas não tem só esse tipo de gente lá não, tem gente boa também, minha mãe e os meus avós nasceram em Alto Capim e conviveram com alguma proximidade com a família do Bimbim e seus jagunços.
De modo mais abrangente, Aimorés é o berço outros bom e famosos cidadãos. Sebastião Salgado, talvez o maior fotógrafo brasileiro, reconhecido em todo o mundo, aliás, conhecido muito mais lá fora do que aqui, também nasceu no município, num distrito ao lado de Alto Capim, seu pai foi contemporâneo de Bimbim e tiveram algum grau de convivência; o cantor Altemar Dutra é um filho de Aimorés, grande cantor de boleros, reconhecido em toda a América Latina, morreu precocemente, aos 43 anos, e outros tantos.
Bimbim era filho de Secundino Cipriano da Silva, tinha o mesmo nome que o pai, sua esposa era Dona Luiza, eram pais de Severina Cipriano. A irmã de Bimbim, Derminda Cypriano, era casada com José Gonçalves do Nascimento, filho do fazendeiro influente de Afonso Cláudio, ES, Sebastião Gonçalves do Nascimento. José e Derminda foram pais de Sebastião Gonçalves do Nascimento Neto (o Totó), sobrinho de Bimbim, que era um dos braços fortes do tio no Espírito Santo. A irmã de Totó, Dona Minta, foi professora de meu pai, ela lecionava em uma escola na fazenda da família. Meu avô tinha uma fazenda próxima a de Totó e sua família. Nas décadas em que Bimbim reinou na região, meu avô teve contato com ele e com seus jagunços, meu pai também, mas era jovem no tempo de Bimbim.
O Contestado
A explicação remonta ao período do ciclo do ouro em Minas Gerais, no século XVIII. Nesta época, a Coroa Portuguesa encontrou uma barreira natural aos que vinham do mar para explorar clandestinamente o ouro na região de Vila Rica, esta barreira era um paredão montanhoso que dificulta o acesso do litoral capixaba ao interior do estado e, por consequência ao estado vizinho, Minas Gerais. Esta cadeia montanhosa é a Serra do Mar capixaba.
A zona do vale do rio Doce, leste mineiro e oeste capixaba, desde o começo da colonização, é palco de embates. Assim que os primeiros colonos chegaram à região inóspita e selvagem tiveram que colocar à prova a força e a disposição de lutar. A questão do litígio entre o Espírito Santo e Minas Gerais influiu de maneira desfavorável no desenvolvimento do território. Ambos os estados reivindicavam o direito sobre a área. Mas nenhum dos dois investiu no progresso efetivo dos pequenos núcleos de povoação que iam surgindo. Não havia autoridade constituída. Os colonizadores seguiam a ordem natural das coisas, e predominou a lei do mais forte. E foi realmente essa lei que deu origem a figuras como Bimbim, que fazia justiça com as próprias mãos.
Mas por que havia uma zona contestada entre Minas e Espírito Santo? Com esta barreira natural, o governo luso proibiu que o interior montanhoso do Espírito Santo fosse colonizado, deixando esta região desabitada, ou quase, ali viviam milhares de nativos, Botocudos. Do lado de Minas, os mineiros seguiram a mesma lógica, começaram a emigrar para a chamada Zona Proibida para colonizá-la, pois as terras ali eram baratas e férteis. A corrida por terras de cidadãos dos dois estados impôs aos governos a necessidade de se definir os limites dos estados, assunto até então relegado ao descaso. Daí surgiram os conflitos, chamado de Contestado.
Quando tinha 22 anos, Bimbim dá início à sina que levaria até o último dia de vida. Aos 22 anos ele atira num desafeto no Alto do Capim. Daí em diante acumulou um número incalculável de mortes em sua conta, matou até morrer, em 1964, mas não de morte matada. Acabou, de certa forma – se é que se pode registrar assim de forma tão insólita – premiado, simplesmente por ter morrido de morte natural, para frustração de uma legião de inimigos e regozijo de amigos e seguidores. O único que foi capaz de matá-lo foi o próprio coração, que enfraquecido, o levou para o túmulo aos 69 anos de idade.
A indefinição na jurisdição dos territórios fronteiriços abriu brechas para que o poder paralelo se instalasse, nascendo daí o poder dos coronéis no contestado, que “botavam ordem” na região sem lei, fazendo e executando suas próprias leis. Portanto, podemos dizer que a região contestada está na raiz da violência de Bimbim e de seus companheiros de garrucha.
O início

2 comentários:

  1. Meu pai tem 89 anos e nascido em Alto Capim. Conheceu o Coronel Bimbim. Ele era padrinho de batismo do meu. Meu pai me conta muitas histórias do Coronel Bimbim, a quem ele chama carinhosamente de véi Bimbim

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  2. Pelo lado materno, descendo de um dos companheiros deste tal Bimbim, que desde menino meu avo, falava dele, meu bisavo, pai de meu avo, era Joaquim Correa de Sousa, que veio embora para Itarana nos meados de 1899 08 1900, meu avo Jose correa de Sousa nasceu em Itarana em 1901, era o filho mais velho deste Joaquim, que tinha como apelido Joaquim padeiro, por ter este oficio, porem era sempre chamado por Bimbim para fazer o trabalho sujo, talvez o pai de bombim ja fazia estas atrocidades, pois joaquim meu bisa, com certeza era bem mais velho do que Bimbim, Joaquim era nascido no alto capim, onde meu avo sempre ia uma vez ou outra ver parentes. A esposa deste Joaquim era Amelia Cordeiro Pinto, ambos dali, vieram para Itarana, e ali fizeram suas vidas, meu avo Jose nunca seguiu os passos do pai, e seu irmao tambem nao benevides Correa de Sousa que vivia em Aimores. Joaquim morreu sozinho e abandonado em um local que nao sei bem onde fica um Alto taquaral, proximo a alto capim.

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