Por Adilson Braga Fontes
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Antonio Martinho Barbosa foi um proprietário de terras, comerciante e político no município de Afonso Cláudio no fim do século XIX e nos primeiros anos do século XX. Foi um coronel, nos moldes dos coronéis da roça. Não foram encontradas evidências de que tenha ocupado algum posto na antiga guarda nacional, que justificasse o título de “coronel”.
Coronel Martinho Barbosa foi uma figura muito
importante no município de Afonso Cláudio, onde residia no antigo distrito de
Boa Família (atual município de Itaguaçu, emancipado em 1915), onde exercia a
sua influência política.
Em 1895, Antonio Martinho Barbosa já estava estabelecido na então vasta região do Guandu
(antigo nome da cidade de Afonso Cláudio, ES), pois naquele ano fez um, pedido de compra de um lote de terras no lugar denominado
Bom Jardim, “onde tinha cultura e morada habitual”, sendo concedidos vinte e cinco hectares
(ESTADO DO ESPÌRITO SANTO, 1895, p. 1).
Em 1905, o prefeito de Afonso Cláudio, José
Cupertino Figueira Leite, em seu relatório sobre a administração municipal do
ano anterior, lembra que o Coronel Martinho Barbosa e Francisco Tosta das Neves
Júnior, integraram uma comissão incumbida de resolver os problemas de limites
de municípios com o então vasto município de Linhares. A comissão logrou êxito,
motivando o prefeito a tornar público os seus agradecimentos (JORNAL OFICIAL,
1905, p. 1).
Em 1908, Martinho lançou sua candidatura ao
governo municipal de Afonso Cláudio pelo Partido Republicano Federal. A candidatura adversária, pelo Partido Construtor, era composta pelos senhores coronéis Ramiro de Barros Conceição e Seraphim Tibúrcio da Costa, major Antonio Manoel Fernandes, Francisco Tosta das Neves, Joaquim de Almeida e Paulo Vespasiano (DIÁRIO DA MANHÃ, 1908, p. 2). Até 1913, um grupo governadores municipais (similar a
vereador) era eleito e os eleitos faziam a eleição do presidente da
municipalidade (similar a prefeito).
Em 27 de julho de 1908 saiu o resultado das
eleições municipais, que foi contestado pelo grupo político de Martinho
Barbosa. O líder do grupo adversário era Ramiro de Barros, que havia sido
eleito juntamente com seu companheiro de chapa, Antonio Manoel Fernandes, para
o cargo de governador municipal. Depois de resolvidas as desavenças foram
diplomados os seguintes senhores para o cargo de governador municipal: Ramiro
de Barros, Antonio Manoel Fernandes, Antonio Martinho Barbosa, Antonio
Melchiades de Lacerda, padre Carlos José Leduc, Paulo Vespasiano e José Colnago
(FONTES, 2014, pp. 131-132).
Em 1º de agosto de 1908, Barbosa foi eleito
presidente do governo intendente de Afonso Cláudio por seus companheiros.
Martinho Barbosa tinha sua base política nos
povoados de Figueira de Santa Joana (atual município de Itarana) e Boa Família
(atual município de Itaguaçu). No distrito de Afonso Cláudio recebia o
importante apoio do coronel Adolpho Rodrigues Gomes e outras lideranças de
peso.
Quando o tenente-coronel Antonio Martinho Barbosa chegou a Boa Família, após a eleição para o governo municipal, ele e sua
comitiva “foram festivamente recebidos. As ruas achavam-se ornadas com inúmeros
arcos e guirlandas.”
À noite se dirigiram à vizinha povoação de Figueira de Santa Joana, onde foram recebidos “sob o espocar de fogos de artifícios
e no meio das orações da população presente.”
O professor Sebastião da Luz Junior discursou em nome da população, “enaltecendo as qualidades do coronel Martinho... Por fim o coronel Antonio Martinho Barbosa, tomando a palavra, num improviso agradeceu por si e seus
amigos e companheiros de viagem a manifestação que lhe fora feita, e terminou
elevando a taça em honra ao Dr. Jeronymo Monteiro, presidente do estado.” (COMMÉRCIO DO ESPÍRITO SANTO, 1908, p. 2.).
Os governantes de Afonso Cláudio oriundos de
Figueira e Boa Família (Francisco Carlos de Almeida Rosa e Antonio Martinho Barbosa) nunca esconderam suas pretensões de transferir a sede do
município para seus redutos políticos. Assim aconteceu no começo da década de
1890, com Chico Rosa e em 1908 com Martinho Barbosa, que, após serem eleitos presidentes do governo municipal
de Afonso Cláudio, buscaram junto ao Congresso Legislativo Estadual realizar o
seu intento.
No
referido congresso, em 23 de novembro de 1908, segundo o Diário da Manhã (1909, p. 1), o Sr. Thiers Velloso, pedindo e obtendo a palavra, justificou com diversos
documentos, provando a necessidade de transferência da sede do município de
Afonso Cláudio e a da comarca do Alto Guandu para a povoação de Boa Família, tal como segue no projeto exposto abaixo:
Projeto nº 60
O Congresso Legislativo
do Estado do Espírito Santo,
Decreta:
Artigo
1º - Fica transferida a sede do município de Afonso Cláudio e a da comarca do
Alto Guandu para a povoação de Boa Família, do mesmo município.
Artigo
2º - A povoação de Boa Família passa a denominar-se, de hoje em diante, vila de Itaguaçu.
Artigo
3º - Revogam-se a disposições em contrário (DIÁRIO DA MANHÃ, 1909, p. 1).
Em
26 de novembro de 1908, o Congresso do Estado rejeitou o projeto de mudança da
sede do município de Afonso Cláudio, mas a mudança do nome do distrito de Boa
Família para Itaguaçu permanece até os dias atuais.
Em junho de 1909, coronel Martinho Barbosa foi
reeleito para mais um mandato à frente do governo municipal de Afonso Cláudio (COMMÉRCIO DO ESPÍRITO SANTO, 1909, p. 2).
Ainda em 1909, era correspondente do jornal
Commércio do Espírito Santo para a região do município de Afonso Cláudio. Neste
ano, em um artigo relatando uma festa religiosa em Figueira de Santa Joana, faz referência a si mesmo na terceira pessoa, tecendo
elogios à sua administração municipal, elevando-se a enviado divino, a dirigir os destinos do
povo local e lançando-se a uma vaga no parlamento estadual.
Seguem trechos do artigo:
“Via-se, pelas faces dos
fiéis, o contentamento que reinava no coração de cada um; via-se, pelo respeito
existente, a fé penetrada naquele bom povo na santa religião Católica; via-se, em suma, pelos enfeites e mais
preparativos não só nas ruas como no templo, que é um povo cheio de crença, mas
uma crença firme e inabalável.
Eu, que tive o prazer de
apreciar tudo isto, e, conhecendo Figueira há 22 anos, posso garantir que houve uma transformação
enorme dessa parte de tempo para cá que, é de se crer: a mão poderosa do Grande
Criador caiu sobre a cabeça daquele povo progredindo espantosamente aquela
localidade.
[...] Ainda chamou a
atenção o esmero dos dois dignos e virtuosos apóstolos de Deus, no cumprimento
dos seus deveres; por um lado o nosso querido e simpático vigário e Revmo. Leduc, batalhador incansável da fé cristã nesta
freguesia, por outro a palavra respeitável e eloquente de frei Eugênio, que
mereceu os maiores aplausos de seus ouvintes, falando corretamente, parece até
iluminado pelo Divino, cuja inspiração era dirigida à turba de um modo claro,
na explicação que fez do evangelho do dia.
Tudo isto indica que a
benção de Deus caiu sobre aquele povo escolhendo frei Eugênio para, nesse dia,
arrastando mesmo dificuldades em deixar a sua Santa Thereza, vir pregar àquele povo a sua palavra; tudo isto indica que
Deus protege aquele povo, escolhendo um moço probo, virtuoso, honrado e
criterioso para dirigir os seus destinos políticos como é o coronel Martinho
Barbosa, pois não reina naqueles dois ricos distritos Boa Família e Figueira senão a união, fonte de todo o progresso; é esse mesmo moço
que o povo implorou a Deus para que fosse o administrador do município; é esse
mesmo moço que o povo implora para que seja o seu representante na alta câmara
do estado, não só, pelas virtudes citadas, como também pela inteligência de que
é possuidor [...]
Avante, pois, Figueira e Boa Família que não estará longe o dia de serem municípios; não estará
longe o dia de serem sede de comarca, não estará longe o dia de serem cidades e
vilas. Continue bondoso povo, nessa união, porque dela nasce a força e dela
nasce o progresso.
Avante, sim brioso povo,
porque quem tem um chefe político como o Martinho Barbosa, que compartilhou na grande festa com a sua Exma. Sra. Dona
Isabel, deixando todos os interesses para vir carregar o pálio que conduzia o nosso
Criador, jamais poderá considerar um povo desprotegido de Deus; avante sim,
brioso povo porque, quem tem um administrador municipal como deu provas o
virtuoso moço como presidente, honesto e criterioso, jamais poderá se
considerar um povo infeliz; avante, pois, povo brioso, que em breves dias, verá
como a administração desse moço abençoado, raiar no apogeu da glória o grande
progresso do nosso município.” (COMMÉRCIO DO ESPÍRITO SANTO, 1909, p. 1).
Em
4 de novembro de 1910, regressou da Europa onde fora tratar da saúde, o Sr.
coronel Antonio Martinho Barbosa, presidente do governo municipal de Afonso Cláudio.
À
tarde daquele dia, no distrito de Boa Família, sua terra, quando correu a notícia de seu retorno,
partiram ao encontro do eminente cidadão mais de cinquenta cavaleiros até a
residência do Sr. José Duque, que fora seu companheiro de viagem ao velho mundo.
Era quase noite quando o
coronel Martinho apeava-se em Boa Família, em sua residência; e nesse momento, antes dos primeiros
cumprimentos, falou o Sr. Antonio Eugênio de Mattos, em nome do povo, dando a S. S. as boas vindas,
disse que “raras vezes o entusiasmo desse povo se manifestava tão vivo”, que
naquele momento, porém, o júbilo que se lia em todos os semblantes era motivado
pelo feliz regresso do estimado cidadão.
Disse
mais, que “interpretando os sentimentos de todo aquele povo, abraçava o recém
chegado, a quem o município deve os melhores serviços, e que esperava dentro em
breve vê-lo outra vez na gerência dos negócios públicos”.
Inúmeros
vivas e palmas encobriram a voz do orador, depois do que o coronel Martinho
Barbosa, extremamente comovido, agradeceu em palavras repassadas de
viva emoção, a espontânea manifestação de seus amigos; disse que não era aquela
a primeira vez que aquele povo trazia a público, demonstração de apreço à sua
pessoa; porém nenhuma mais o comovia do que essa, porquanto em outras ocasiões
recebiam o homem público, e naquela hora saudavam o amigo; que além dos mares,
longe da pátria querida, achando-se no meio de inúmeras distrações jamais
pudera abafar as saudades da nesga de terra, em que vivem os seus amigos.
Terminou patenteando seu reconhecimento pela inequívoca demonstração e
hipotecando mais uma vez todo o seu desvelo em prol do progresso daquela terra.
Achando-se
o homenageado fatigado da viagem, recebeu apenas os cumprimentos de seus
amigos, sendo, porém, no dia seguinte visitado por grande número de pessoas,
não só de Boa Família como também de Figueira e Afonso Cláudio.
Recebeu
também a visita das escolas estadual e municipal, regidas pelos professores
Horácio Rabello e Dona Luiza Barbosa, falando por aquela os alunos Manoel
Maciel e Hastinphilo Rosa, e por esta a menina Mathilde Tavares.
Na
pensão mineira, foi oferecido ao coronel Martinho Barbosa farto jantar, em que tomaram parte as pessoas mais gradas
da localidade, sendo ao dessert erguido vários brindes seguintes:
Do
coronel José Colnago, governador municipal, e farmacêutico Joaquim Olympio Fonseca Cruz, ao coronel Martinho; do Sr. Ignácio Soares, ao município na pessoa do seu presidente; do Sr. Manoel
Lacerda ao povo de Boa Família, também na pessoa do presidente do governo municipal.
Levantando-se
então o coronel Martinho agradeceu a prova de apreço que lhe davam seus amigos,
retribuiu as saudações que lhe foram feitas e terminou erguendo sua taça à
prosperidade do estado e à felicidade pessoal do seu benemérito presidente, o
Exmo. Sr. Dr. Jerônymo Monteiro, a quem teceu os maiores louvores.
O
coronel Martinho Barbosa ainda recebeu as visitas dos Srs. Dr. João Cláudio,
promotor de justiça da comarca, coronel José Cupertino Figueira Leite, tabelião do 2º ofício, coronel Francisco Lessa e Francisco da Fonseca Lamas, vindos de Afonso Cláudio, tendo recebido também grande
número de cartas e cartões felicitando-o pelo seu feliz regresso (DIÁRIO DA MANHÃ, 1910, p. 3).
Em
junho de 1911, o jornal Estado do Espírito Santo (1911, p. 1) noticiou a
reeleição do presidente do governo municipal de Afonso Cláudio, o coronel
Antonio Martinho Barbosa. No entanto, apesar da notícia da reeleição de Martinho
Barbosa, em 25 de julho de 1911, um ofício recebido pelos redatores
do periódico Diário da Manhã (1911, p. 3), comunicava a eleição do padre francês Carlos José Ernesto Leduc, para presidente do governo municipal de Afonso Cláudio e a
do coronel Seraphim Tibúrcio da Costa, para vice-presidente, aliados políticos de Barbosa.
Em
25 de julho de 1911, em um artigo sob o título Trabalho de sapa, o
jornal Estado do Espírito
Santo (1911, p. 1), fala da eleição do padre Leduc, da derrota do coronel Martinho Barbosa, tratando do assunto com bastante ironia, mostrando a
influência da política estadual na vida política de Afonso Cláudio.
Seguem
partes do artigo:
“Fiel, verdadeiramente fiel ao seu brilhante
programa político, o conde de São Jeronymo, o mais perfeito discípulo de frei Ignácio de Loyolla,
acaba de atirar de catrâmbias o Sr. Antonio Martinho Barbosa, antigo presidente do governo municipal de Afonso Cláudio.
Desde muito o fidalgo papalino vinha pondo em
evidência as suas manhas felinas, vinha preparando o terreno para aniliquilar o
prestigioso chefe político, que constituía, com o Sr. Guido Doelinger, de Alfredo Chaves, os dois únicos baluartes que o Exmo.
Sr. Dr. Torquato Moreira lograra salvar do naufrágio a que a imprudência do
partidarismo ultramontano atirara todo o Estado.
O Sr. Antonio Martinho Barbosa, há longo tempo condenado a ceder o passo ao vigário francês Leduc, ainda resistia, ainda gritava e se
esperneava de modo a conseguir do tartufo a procrastinação da infalível queda
por meio de promessas todas ilusórias, como é o belo costume do bom católico de
homem temente a Deus.
Pouco há que aqui esteve o Sr. Martinho.
Travara-se a luta no governo municipal de Afonso Cláudio: o eclesiástico
naturalmente insuflado pelo Conde Romano, disputava a presidência ao antigo
chefe torquatista, cujos elementos para o triunfo superabundavam, ao que
sabemos. Veio, porém, a confusão, veio a desordem – a eleição deixou de realizar-se e o Sr. Martinho, crente ainda na
sinceridade do titular pontifício, correu a dar-lhe parte de todo o ocorrido.
Conferenciaram, palestraram, pareceram
entender-se e o Sr. Martinho, que, à chegada, andava cabisbaixo, sucumbido,
saiu lesto, radiante: o conde rira muito da história, esfregara repetidas vezes
as mãos. Fora de uma gentileza extrema para com ele, dera-lhe toda força enfim.
Ingenuidade!... O trabalho de sapa estava feito;
o clérigo devia ser o César daquela nova Gália; devia ser o triunfador, pois o
consórcio da igreja com o Estado desde muito selara com o seu assentimento essa
outra bacanal.
E o Sr. Martinho Barbosa que saíra tão animado, tão jubiloso, dentro em pouco teve a
visão pura da realidade – o conde escalara a presidência do governo de Afonso
Cláudio e lá assentara o seu bonzo: o padre Carlos José Ernesto Leduc, excelente ministro de Cristo; ótimo delegado do santo prelado para executar as suas ordens
relativas à campanha contra a candidatura do Exmo. Sr. Marechal Hermes; adorável cabo eleitoral; ágil, a despeito de suas banhas,
no escarranchar-se num bucéfalo, e francês de nascimento.
E aí está como se escreve a história de um
desgraçado período presidencial. E aí está como o conde de São Jeronymo, abusando do prestígio que lhe dá o cargo, vai anulando
todos os elementos de valor para gáudio especialmente da igreja de Roma, que
conseguiu assim romper o dique oposto pela Constituição.
E agora todos esses a quem o fidalgo há
menosprezado que lhe sirvam aos planos maquiavélicos; que abracem a candidatura
do mano Bernardino ou de outro que ele adotar.”
O episódio ocorrido no
estado do Espírito Santo, conhecido como Revolta do Xandoca, foi o curioso e
violento momento político ocorrido em 1916, quando na eleição para o
governo estadual foram proclamados dois presidentes, o Sr. Bernardino Monteiro e o Sr. João Gomes Pinheiro Junior. Os dois governos coexistiram durante semanas, transferindo-se o
governo de Pinheiro Junior para Colatina, após seu grupo ser expulso à bala de
Vitória.
Depois de instalado
em Colatina, Pinheiro Junior viajou para o Rio de Janeiro, buscando apoio do presidente do país, Venceslau Brás, deixando seu
vice, Alexandre Calmon, o Xandoca,
liderando a causa revoltosa.
Xandoca recebeu o
apoio de diversos correligionários afonso-claudenses, entre eles o coronel
Antonio Martinho Barbosa, ex-presidente do governo municipal e então prefeito de Itaguaçu, município
que havia sido recém emancipado de Afonso Cláudio; Seraphim Tibúrcio da Costa, também ex-presidente da intendência afonso-claudense; José Olympio dos
Santos, vereador de Afonso
Cláudio e o coronel Adolpho Rodrigues Gomes.
Em 29 de junho de 1916, o
Sr. Antonio Calmon, negociante na capital e já mencionado, irmão do Sr.
Alexandre Calmon, esteve no palácio do governo estadual, onde foi combinar
os meios de efetivar as garantias prometidas pelo Dr. Bernardino Monteiro em favor do seu irmão, o referido Alexandre Calmon, e seus
amigos, reunidos na vila de Colatina, onde estava montado o governo paralelo do
estado.
Segundo informou o jornal O Paiz (1916, p. 2), um grupo de jagunços, chefiados
por Antonio Martinho Barbosa (classificado pelo jornal como chefe dos cangaceiros), saindo de Colatina, atacou de surpresa a cidade de Afonso
Cláudio, a qual já havia governado, colecionando muitos inimigos.
Martinho Barbosa e Seraphim Tibúrcio da Costa à frente de numerosos jagunços
vindos de Colatina atacaram a cidade de Afonso Cláudio, onde se achava um
pequeno contingente de força garantindo a segurança dos habitantes e
autoridades judiciárias. Os jagunços foram repelidos, estando feridos dois soldados
(A NOITE, 1916, p. 3).
Apesar das ameaças e ataques dos mesmos
jagunços, o presidente do estado permaneceu no propósito de não atacar
Colatina, quartel general dos oposicionistas.
Ainda segundo o jornal A Noite, do Rio de Janeiro, nada mais houve de mais grave no estado além das
ocorrências de Afonso Cláudio.
Ainda de acordo com o jornal O Paiz, o ataque a Afonso Cláudio tinha por objetivo
assassinar o coronel José Cupertino Figueira Leite, deputado estadual e chefe do situacionismo local, bem como o
comandante do destacamento que guarnecia a cidade.
O deputado não estava na cidade, somente o prefeito José Giestas se encontrava, ajudando a liderar a cidade na expulsão dos
invasores.
Em 17 de julho de 1916, segundo
o jornal carioca Diário da Manhã
(1916, p. 1), o
capitão Ramiro Martins (um dos “heróis” da revolta) e sua tropa rumou para Boa
Família (Itaguaçu), sendo bem recebido na casa do coronel Martinho Barbosa pela liderança da câmara municipal, que ofereceu-lhe um
banquete no Hotel Guanduense, a ele comparecendo as altas autoridades judiciárias da
comarca e outros oficiais.
Coronel Antonio Martinho Barbosa foi o primeiro
prefeito de Itaguaçu (antigo distrito de Afonso Cláudio, ora denominado “Boa
Família”), com o primeiro mandato iniciado em 1915. Governou a cidade por
muitos anos, onde faleceu por volta da década de 1940.
Bibliografias
A Noite. Rio de Janeiro. 30 jun. 1916, ano VI, n. 1626.
Commércio do Espírito Santo. Vitória, 10 ago. 1908, ano XVIII, n. 179.
Commércio do Espírito Santo. Vitória, 16 jun. 1909, ano XIX, n. 128.
Commércio do Espírito Santo. Vitória, 25 jun. 1909, ano XIX, n. 134.
Diário da Manhã. Vitória. 29 jan. 1908, ano I, n. 131.
Diário da Manhã. Vitória, 27 fev. 1909, ano III, n. 44.
Diário
da Manhã. Vitória, 12 nov. 1910, ano V, n. 303.
Diário
da Manhã. Vitória, 25 jul. 1911, ano VI, n. 200.
Diário da Manhã. Vitória, 27 jul. 1916, ano X, n. 288.
Estado do Espírito Santo. Vitória, 18-19 ago. 1895, ano XIV, n. 3979/3980.
Estado do Espírito
Santo. Vitória, 10 jun. 1911, ano
XXX, n. 119.
Estado do Espírito Santo. Vitória, 25 jul. 1911, ano XXX, n. 147.
FONTES, Adilson Braga.
Notícias de Afonso Cláudio: a história de Afonso Cláudio contada pelos
jornais – 1881-1949. Campinas : Agbook, 2014.
Jornal Oficial. Vitória, 28 jun. 1905, ano I, n. 132.
O Paiz. Rio de Janeiro. 30 jun. 1916, ano XXXII, n. 11589.
Parabéns pelo trabalho.
ResponderExcluirObrigado.
ExcluirObrigado pela visita, Lilian!
ResponderExcluirOi, agradeço seu trabalho contando a história de meu avô paterno. Peço apenas corrigir o final, pois ele faleceu em Curitiba (PR) na década de 70 onde residia com sua filha e minha tia Ana Maria. Inclusive fui lá para comemorar o seu aniversário de 100 anos.
ResponderExcluirObrigado pela colaboração, Juarez, farei a correção. Abs
ExcluirQue orgulho para nós Itaguacuenses.
ResponderExcluirParabéns pelo lindo trabalho.
Obrigado, Sirré. Compartilhe esse artigo com seus conterrâneos.
ExcluirPoderia compartilhar comigo m resumo da arvore genealógica do seu avó para eu acrescentar em meu artigo? Grato!
ExcluirNão possuo esses dados, infelizmente.
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