Por Adilson Braga Fontes
Contato:abrafo@gmail.com
O
engenheiro José Hermann Tautphoeus Bello, de família materna estrangeira, desembarcada
no Brasil por ocasião da vinda da Família Real Portuguesa, nasceu no Rio de
Janeiro. Seria filho do capitão José Bello de Araújo (português radicado em Cachoeiro do Itapemirim, ES) com Freiin Marianna de
Tautphoeus Bello, então filha do barão alemão Joaquim José Hermann de
Tautphoeus com a saudita Camila Casolane Chuereb (falecida em Cachoeiro do Itapemirim, ES).
Em 1875, José Hermann foi aprovado como professor de
instrução em inglês. Em 1884 fazia parte, como agrimensor, da comissão
encarregada de medição de terras públicas da Inspetoria Geral de Obras Públicas
Provinciais do Espírito Santo
(DIÁRIO..., 1875; SILVEIRA, 1984).
Foi eleitor na 1ª
seção do distrito da Vila Afonso Cláudio-ES, logo após o recadastramento
eleitoral de 1894 (VIEIRA, 209, p.
94).
Em 1895 foi
responsável pela demarcação de terras para os imigrantes estrangeiros que, em
sua maioria, se estabeleceram em Laranja da Terra, Serra Pelada e Mata Fria,
localidades pertencentes ao então município de Afonso Cláudio (SOUZA, 2009, p. 15).
Ainda em 1895
recebeu a patente de major fiscal do 35º Batalhão de Infantaria da Guarda
Nacional da Comarca do Guandu.
Foi diretor do serviço
de repartição de terras do estado capixaba. Foi responsável pelo desenho e
execução da planta cadastral da cidade de Afonso Cláudio.
Em 1896 o governo
estadual do Espírito Santo pediu a Carlos Henrique Castello Branco e a José
Hermann que organizassem as bases de um contrato para a construção e uma estrada
de ferro que chegasse até a Afonso Cláudio, empreendimento que nunca saiu do papel
(FONTES, 2014, p. 72).
Hermann Bello (como
era conhecido) foi personagem do romance “Canaã, escrito por Graça Aranha, seu
grande amigo (SOUZA, 2009, p. 21).
Quanto
ao programa de colonização do estado do Espírito Santo por estrangeiros (fundação
de núcleos coloniais para concessão de terras), para uma melhor fiscalização, o
Governo, por meio do Decreto 583, de 5 de março de 1910, dividiu o estado em
três distritos, composto de três comissões. O primeiro distrito teve como chefe
Francisco Marques e sua sede foi instalada em Cachoeiro de Itapemirim. O
segundo, chefiado por José Hermann T. Bello, tinha como sede a cidade de
Cachoeiro de Santa Leopoldina (atual Santa Leopoldina). O terceiro, com sede na
cidade de São Mateus, cujo chefe era o Sr. Cesar Rodrigues da Cunha, nomeado a
16 de setembro de 1910, porém, não assumiu o serviço (AGUIAR FILHO, 2017).
Em outubro de 1930
pediu ao governo do Estado “por certidão o memorial e cópia da planta do
terreno no ‘Rio Guandu’, município de Afonso Cláudio”, indicando que,
mesmo depois de décadas de sua chegada à cidade, ainda mantinha laços com o
município capixaba (DIÁRIO..., 1930).
Hermann Bello teve
atuação em várias localidades do estado do Espírito Santo, dentre elas na região de Colatina. Por volta de 1940, o Dr.
Augusto Emílio Estellita Lins, em Colatina, entrevistou o Dr. José Hermann Tautphoeus
Bello, que tinha sido diretor da Companhia Territorial em 1923. Dr. Belo traçou
o seguinte panorama da colonização do Norte de Colatina.
No Norte do Rio Doce há
hoje 7.000 ou 8.000 famílias – sendo um terço destas de nacionais e o resto
constituído por italianos e alemães. Italianos o dobro, além de uns poucos
poloneses. Agora há em Água Branca, sob uma empresa particular
polonesa, mais de 100 famílias dessa nacionalidade, que estão progredindo. (Graça
Aranha e o Canaã, p. 208 apud São Gabriel da Palha, 2018)
A Estação Porto Belo, da estrada de ferro da Vale, no município
de Colatina, tem o nome Belo em homenagem ao Dr. Hermann Bello – Proprietário
das terras, onde está situada a estação, cujo porto, nas margens do Rio Doce, é
acessível a canoas. Foi inaugurada em 8 de agosto de 1907 (SANTOS, 2015).
Por falta de mais informações, encerro o artigo por aqui, no
entanto, colaborações sobre esse personagem da história capixaba são bem-vindas.
Bibliografias
AGUIAR FILHO, Walter de (Compilador). Como foram povoadas as
terras capixabas - (parte 1). Morro do
Moreno, 7 jul. 2017. Disponível em: .
Acesso em: 6 jan. 2018.
Diário da Manhã. Vitória, ano 24, n. 2.451, p. 2,
8 out. 1930.
Diário do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, ano
58, n. 48, p. 2, 18 fev. 1875.
FONTES, Adilson
Braga. Notícias de Afonso Cláudio: a
história de Afonso Cláudio contada pelos jornais: 1881-1949. Campinas: Abrafo,
2014.
SÃO Gabriel da Palha: a origem da história. Disponível em: .
Acesso em: 6 jan. 2018.
SANTOS, Cristiano
Cardozo dos. Nossas estações – 1958.
19 jun. 2015. Disponível em: .
Acesso em: 6 jan. 2018.
SILVEIRA, Godofredo da. Almanak administrativo,
mercantil, industrial e agrícola da província do Espírito Santo. Vitória: [s.n],
1984. p. 63.
SOUZA, Stella Haddad
de. Buscando a tradição de um povo. 2. ed. Afonso Cláudio: da Autora,
2009.
VIEIRA, José Eugênio. Afonso Cláudio: cronologia de sua história
política, administrativa e cultural. Vitória: Do Autor, 2009.
Obrigado pelo artigo, é sempre um prazer encontrar novas informações sobre meu trisavô, Dr Hermann Bello ;)
ResponderExcluirOlá Eduardo. Se tiver algo para partilhar e agregar ao artigo, é bem-vindo.
ExcluirOlá Adilson, encontrei uma foto do Hermann Bello, te interessa?
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