Por Adilson Braga Fontes
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Christiano Vieira de Andrade
foi um jurista e político capixaba, nascido em Rio Branco, no Estado de Minas
Gerais, fato que teria ocorrido em 11 de julho de 1886, segundo informações de
Ribeiro (2002), informação que parece bastante equivocada, pois neste ano
graduou-se em direito. Foi casado com Maria Julia[1].
Seu pai era o tenente-coronel
Manoel Vieira de Andrade, chefe político liberal do município de Ubá, MG “de
grande e merecido prestígio”, morto por volta de 1886.
Após a morte do pai
O dr. Christiano viu-se em sérios embaraços para prosseguir na sua
carreira; mas tal foi a coragem que revestiu-se para afrontar as dificuldades
encontradas, tal a sua força de vontade, que, vencendo tudo, o nosso digno
amigo colheu, afinal, os louros da campanha (LIBERAL MINEIRO, 1886, p. 2).

Em 1886 Christiano
bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de São
Paulo (A PROVÍNCIA DE MINAS, 1887, p. 2).
Em 5 de maio de 1889
Christiano Vieira de Andrade fixou residência no município de Cachoeiro de
Itapemirim acompanhado de sua família, para exercer a profissão de advogado,
como informado pelo O Cachoeirano (1889, p. 3). É interessante notar que
Ribeiro (2002) informa que Christiano teria nascido em 1886, o que certamente é
um equívoco, pois pelas informações encontradas em jornais ele teria nascido
pelo menos vinte anos antes desta data. É possível que o autor mencionado tenha
confundido a sua data de formatura com a de nascimento.
Em 11 de agosto de 1889 foi
nomeado promotor público em Itapemirim. Em dezembro de 1889 foi removido da
cidade para ocupar o mesmo cargo em Cachoeiro de Itapemirim, município vizinho (DIÁRIO
do ESPÍRITO-SANTO, 1889, p. 1).
Em 30 de dezembro de 1890,
dr. Christiano e sua família seguiram para São Pedro de Itabapoana com o fim de
fixar residência por lá, informou o jornal O Cachoeirano, onde, ainda em 1908
exercia o cargo de promotor público da comarca (O CACHOEIRANO, 1891; 1908, p.
2). É quase certo que Christiano já estivesse casado ao chegar a Cachoeiro,
pois estava “acompanhado de sua família”.
Em 1891 foi nomeado juiz
substituto da comarca de Itabapoana, mas não aceitou a nemeação (O ESTADO DO
ESPÍRITO SANTO, 1891, p. 2).
Em julho de 1893 requereu ao
governo estadual a compra de 200 hectares de terras em Itabapoana, mas seu
pedido foi indeferido, pois, segundo o órgão estadual responsável, a profissão
exercida por Christiano era desvinculada à agricultura e as terras não seriam
cultivadas imediatamente (O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, 1893, p. 1).
Em 5 de maio de 1905 foi
nomeado promotor de justiça da comarca de Itabapoana, substituindo o bacharel
Henrique O’Reilly de Souza (JORNAL OFICIAL, 1905, p. 1).
Ainda em Itabapoana exerceu
também o cargo por eleição de presidente do Conselho Municipal.
Em dezembro de 1905 emitiu
parecer ao procurador do Estado requerendo ser considerado habilitado ao cargo
de juiz de direito, no que foi atendido uma semana depois (JORNAL OFICIAL,
1905, p. 1).
Em julho de 1909 sua vida
passa para uma nova fase, foi nomeado promotor de justiça de Vitória, a capital
do Estado. Até a ocasião servia como procurador de justiça de itabapoana,
município periférico de Cachoeiro de Itapemirim, na divisa com o Estado do Rio
de Janeiro. Neste lugar ficou por quase vinte anos (O CACHOEIRANO, 1909).
Estranhamente um mês após sua
nomeação para promotor em Vitória, o jornal Diário da Manhã (1909, p. 2)
anuncia a sua nomeação para a promotoria pública da comarca de São João da
Barra.
Em 13 de junho de 1910 foi
nomeado juiz de direito da comarca de Rio Pardo, exercendo anteriormente o
cargo de promotor público de Vitória (COMMERCIO DO ESPÍRITO SANTO, 1910).
Em novembro de 1910 foi
removido para a comarca de Santa Júlia, permanecendo no lugar até abril de
1911, quando foi removido, a seu pedido, ocupando o mesmo cargo de juiz, para a
comarca de Guarapari (DIÁRIO DA MANHÃ,
1911; 1911, p. 1).
Em janeiro de 1917 foi
designado para o cargo de juiz de direito da comarca de Afonso Cláudio, em
substituição ao dr. Genuíno Aguido de Andrade, iniciando sua breve passagem
pelo município e duradoura ligação com a terra (DIÁRIO DA MANHÃ, 1917, p. 1).
Em 12 de março de 1921 foi
nomeado delegado literário de Afonso Cláudio e, em agosto do mesmo ano foi
exonerado do cargo de delegado de instrução do município, cargo que respondia
perante o governo estadual sobre a educação na região de atuação (DIÁRIO DA
MANHÃ, 1921).
Em novembro de 1921 foi removido
para ocupar o mesmo cargo de juiz de direito em Santa Leopoldina e Santa
Teresa, municípios vizinhos a Afonso Cláudio (O POVO, 1921).
O jornal O Povo (1921, p. 4)
ainda disse o seguinte a respeito de Christiano: “figura de grande destaque em
nossa magistratura, não só pelo seu saber, mas, e sobretudo, pela rigidez do
seu caráter sempre pronto a curvar-se às razões da justiça e do direito mas
inflexível às injunções oriundas de quaisquer conveniências.”
No curto período que esteve
em Afonso Cláudio, Christiano casou-se com a jovem Maria Julia Lamas. Muito
provavelmente ele tivesse perto de sessenta anos e fosse viúvo.
Maria Julia era uma das
filhas de Augusta da Fonseca Lamas (esta, Filha de Ignácio Gonçalves Lamas e
Amélia Augusta da Fonseca, mineiros da Zona da Mata, radicados em Afonso
Cláudio na década de 1870) e José Rodrigues dos Santos Poyares. Maria Júlia
devia ter por volta de vinte e cinco anos por ocasião de seu casamento com o
bom partido bem mais velho. Ela tinha uma irmã, Arnóbia Lurdes Lamas, casada
com Adherbal Galvão, que viria a ser prefeito de Afonso Cláudio em duas
legislaturas.
O projeto de reforma e
remodelação da Igreja Matriz de Afonso Cláudio juntamente com a remodelação da
atual praça Adherbal Galvão teve o seu projeto idealizado por Christiano de
Andrade e Álvaro Castello, que na ocasião, na condição de parlamentares na
Assembléia estadual, mesmo não morando na cidade, apresentaram e defenderam o
envio de verbas para as citadas obras. Ambos haviam passado pelo judiciário local
e se casado com Afonso-claudenses.
Em 3 de julho de 1924 foi
removido, por acesso, da comarca de Santa Leopoldina para a comarca de Vitória
como juiz de direito de 3ª entrância (RELATÓRIOS..., 1925, p. 15).
Em 2 de janeiro de 1926 foi
elevado ao cargo de desembargador do Estado do Espírito Santo, em substituição
ao desembargador Henrique O’Reilly de Souza, que se aposentara. Em 1931 foi
conduzido à presidência do Superior Tribunal de Justiça do Estado do Espírito
Santo (DIÁRIO DA MANHÃ, 1928; 1931, p. 6).
Aposentou-se em 1932, quando
retornou às atividades políticas, como deputado da Assembléia Legislativa do
Estado, cuja presidência exerceu em 1936.
A seu respeito Ribeiro (2002)
disse o seguinte: “Homem de notório saber, escritor e jornalista, não quis, contudo,
reunir, em volume, os muitos trabalhos que divulgou através da imprensa
espírito-santense, por anos seguidos.”
O dr. Christiano faleceu 27
de maio de 1938, fato que foi registrado pela revista Vida Capichaba (1938, p.
18):
No dia 27 deste mês, faleceu em Vila Velha o desembargador Christiano
Vieira de Andrade, que foi uma das figuras mais representativas da vida
política e social do Espírito Santo. Sendo uma personalidade, um caráter sem
jaça, foi, também um homem de ação, cuja colaboração no desenvolvimento do
nosso estado é uma das mais belas contribuições à existência da nossa terra.
Tendo participado dos três poderes – executivo, legislativo e judiciário – a
todos prestou o seu melhor concurso, de modo a se fazer querido por quantos o
conheciam e admiravam o seu espírito reto e trabalhador.
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Bibliografias
FONTES, Adilson Braga. Notícias de Afonso Cláudio: a história de Afonso Cláudio contada pelos jornais - 1881-1949. Campinas: Abrafo, 2014.
Diário da Manhã. Vitória, 3 de setembro de 1930. Ano XXIV, nº 2.421, p. 4.
RIBEIRO, Francisco Aurélio. Patronos & Acadêmicos: antologia coordenada. Vitória: AEL, 2002.
RIBEIRO, Francisco Aurélio. Patronos & Acadêmicos: antologia coordenada. Vitória: AEL, 2002.
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