Por Adilson Braga Fontes
Genuíno
de Andrade foi um magistrado capixaba nascido em Pernambuco, muito
provavelmente no Recife, onde vivia sua família. Seus pais eram Claudino do
Livramento Andrade e Josepha Gomes de Andrade. Sua mãe faleceu em novembro de
1919, no Recife, aos 62 anos e seu pai já era morto na ocasião do falecimento
da mãe. Tinha uma irmã: Zulmira Andrade Oliveira, casada com José Félix de
Oliveira, jornalista no “Jornal do Recife” (A PROVINCIA, 1919, p. 3).
Bacharelou-se em ciências
jurídicas por volta de 1895, na cidade do Recife, pela Academia de
Direito do Recife.
Casou-se em 9 de novembro de
1901, em Afonso Cláudio, com Lindolpha da Silva Pereira, filha de Eugênio Pereira
da Silva (um dos fundadores de Afonso Cláudio), viúva de Joaquim Ferreira
Galvão, mãe de Adherbal Galvão.
Em setembro de 1916 faleceu
sua esposa, dona Lindolpha, em Afonso Cláudio. Entre dezembro de 1923 e o
início de 1924, é possível que tenha se casado em segundas núpcias, na capital
do estado, com a senhora Adélia Seba, pois a habilitação para o enlace saiu em
dezembro de 1923 (DIÁRIO DA MANHÃ, 1923, p. 6).
Em 1º de maio de 1895 foi
designado para assumir promotoria de justiça de Afonso Cláudio (Guandu) (ESTADO
DO ESPÍRITO SANTO, 1895, p. 1).
Em 1897 já era juiz de
direito da comarca do Guandu e neste ano foi nomeado também delegado geral de
instrução pública para a comarca em que já era juiz. Dirigiu os destinos
jurídicos do município por mais de vinte anos, na condição de juiz de direito
(O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, 1897, p. 1).
Em janeiro de 1911 foi
removido, por acesso, da comarca do Guandu, para o mesmo cargo de juiz de
direito da comarca de Santa Leopoldina, de 2ª entrância. No mês seguinte pediu para voltar para Afonso Cláudio, sendo atendido (DIÁRIO DA MANHÃ, 1911,
p. 2).
Em janeiro de 1917 foi
removido novamente para a comarca de Santa Leopoldina, como juiz de direito,
segundo o decreto 2744, assinado pelo presidente do estado (DIÁRIO DA MANHÃ,
1917, p. 1).
Em janeiro de 1921 assumiu o
cargo de juiz de direito da segunda vara da comarca da capital do Estado
(DIÁRIO DA MANHÃ, 1927, p. 3). Em 1922 foi promovido ao Supremo Tribunal de Justiça do
Estado na condição de desembargador.
Em Afonso Cláudio o dr.
Genuíno possuía uma fazenda nas proximidades da sede municipal, onde vivia com
sua esposa.
Em uma crônica escrita por
seu conterrâneo, João Carlos Carneiro Campello, em fevereiro de 1926 (tendo
Campello servido como promotor público em Afonso Cláudio por volta de 1910),
descreve da seguinte forma a sua impressão sobre o casal:
Enfim,
entro no Afonso Cláudio, pela fazenda do Genuíno [...]. O Genuíno estava na
cidade e só chegou, quando avisado, dentro de um enorme chapelão branco e no
seu andar bamboleante. Desde o primeiro abraço e as primeiras palavras
compreendi ali um amigo e não um superior. E amigo pilhérico, de modo que ali
fizemos ainda umas patuscadas de estudante. Recebera-me a Dona Lindolpha, muito
gorda e muito alegre, que me pôs logo à vontade chamando-me de menino e dando-me
uma palmada nas costas. Prometeu-me que ali eu engordaria. De fato cheguei com
cinquenta e seis quilos e nos fim de seis meses saia com sessenta e dois! Também
o leite, o queijo e as qualhadas de sua fazenda eram tão bons como as do meu
sertão. Pela sua vontade e a do Genuíno tinha eu ficado morando na fazenda mas,
consegui, a muito custo, ir morar na pensão do gorgolhudo Amâncio [...]
(FONTES, 2014, p. 243).
Era membro da loja maçônica da capital “União e Progresso”.
O desembargador Genuíno de Andrade faleceu em janeiro de 1926, sendo sepultado no cemitério Santo Antonio em Vitória. Era pai de Zilda e Conegundes (DIÁRIO DA MANHÃ, 1926, p. 5).
O desembargador Genuíno de Andrade faleceu em janeiro de 1926, sendo sepultado no cemitério Santo Antonio em Vitória. Era pai de Zilda e Conegundes (DIÁRIO DA MANHÃ, 1926, p. 5).
No mesmo Diário da Manhã
(1926, p. 1) colhemos o seguinte relato por ocasião de seu falecimento:
Era
um juiz modelar pela integridade a mais absoluta. Jamais o menor deslize se
encontra na vida pública do ilustre extinto.
Acima
de tudo, colocou sempre o dever e nunca se deixou levar pela tolerância ou
excesso de altivez. Pautou sempre os atos de sua vida de magistrado pelos
ditames mais severos do dever.
De
pobre e modesta família pernambucana, começou sua carreira servindo na
Capitania do Porto de Recife, onde encontrou o amparo forte do dr. Praxedes
Pitanga que, verificando a honestidade e o espírito de trabalho do seu
subordinado, deu-lhe a mão, auxiliando-o a formar-se na Academia de Direito do
Recife.
Viveu
pobre e morre pobre, legando a seus filhos um nome honrado.
Ele também é pai de Sesostres de Andrade (meu avô).
ResponderExcluirOlá Tania. As infomações que tenho estão todas neste artigo. Obrigado pela informação. Se encontrar algo mais, atualizarei o artigo.
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