Por Adilson Braga Fontes
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João
Francisco Machado Braga, um dos meus trisavós paternos, de quem herdei o sobrenome, nasceu em Portugal, possivelmente em Braga, entre 1830 e 1840. Foi casado com
Anna Maria Rosa da Conceição (possivelmente também portuguesa).
João
Francisco e Anna Maria tiveram vários filhos, dentre eles Luiz Machado Braga
(Meu bisavô paterno), casado com uma das filhas de Ignácio Gonçalves Lamas,
Maria Querubina; José Machado Braga, casado com Ana Maria; Joaquim Machado
Braga; Amâncio Machado Braga, Violanta Machado Braga, casada com o português
José Henrique Pedro, ex-vereador municipal em Afonso Cláudio; Justina Machado
Braga, casada com João Elisiário Gomes, alferes da guarda nacional; Tereza
Machado Braga, casada com Antonio Dias de Salles; Rosa Machado Braga e Ana
Machado Braga.
João
Francisco morou em mais de um lugar na então região de abrangência do município
de Cachoeiro de Itapemirim nos idos de 1880 (na ocasião Afonso Claudio era um
distrito desde município). Em 1882 ele morava em Santa Maria, lugar pertencente
ao atual município de Castelo. Neste ano ele colocou um anuncio no jornal O
Cachoeirano,
anunciando a venda “trezentos alqueires de arroz novo de excelente qualidade”,
pela quantia de “5$000 o saco em casca”, que deveriam ser retirados em sua
residência no lugar já mencionado.
Dom
Pedro Maria de Lacerda, bispo da arquidiocese do Rio de Janeiro, em sua viagem
pelo interior capixaba relata que esteve em casa de João Francisco, no dia 8
de setembro de 1886, no sítio Boa Vista, que ficava na atual região do distrito
de Fazenda Guandu, município de Afonso Cláudio, ES:
“Era meio-dia quando
passamos o rio Guandu de fronte da casa da Fazenda, e entramos por entre cafés
e laranjeiras. O Sr. Tadeu estava a apanhar algumas laranjas, quando me
disseram que se pensava em ir parar ali para tomar café. Estive para não
aceitar, mas quando me disseram que a casa e fazenda pertenciam ao célebre Sr.
Moura (Manoel Fernandes de Moura) em cuja casa não quis parar vindo para os
Alpes, e que ali morava um homem que tomava conta da casa, e que tinha estado
no Joaquim Dias imediatamente assentei em voltar atrás e aceitar o café. O Sr.
Braga Português homem casado e com filhos já mocetões é quem toma conta disto
aqui: morou outrora no Encanamento perto do Sr. Agostinho e o Pe. Alves o
conhecia. Nesta casa comemos algumas laranjas e bebemos café.” Depois de 47’ na
casa de João Francisco seguiram viagem para o Distrito do Guandu (atual Afonso
Claudio)” (LACERDA, p. 64).
Na volta, retornando da vila Afonso Cláudio, no
dia 21 de setembro, pararam novamente na casa de João Francisco: “Às 6 horas e
10 minutos da tarde apeávamo-nos na Fazenda da Boa Vista, pertencente ao Moura
e administrada pelo Sr. João Francisco Machado Braga, homem casado.” (LACERDA, p. 96).
Dom Pedro Lacerda pernoitou na casa de João
Francisco com a intenção de partir na manhã do dia seguinte, quando viu que:
“Ao longe vinha uma
fileira de homens e mulheres e crianças, de cuja vinda já o Braga suspeitava ou
sabia sem porém haver-lhe avisado. Pois havia de deixar-se esta gente desconsolada?...
Enfim confessaram-se duas ou três pessoas maiores, e alguns meninos de 7
anos... O Pe. Figueiredo preparou água para batismo e batizou solenemente uma
menina ali em casa... e crismei 14 pessoas.” (LACERDA, p. 101).
Depois da criação oficial de Afonso Cláudio,
João estabeleceu-se como proprietário de terras no lugar chamado Firme, próximo
à sede de Afonso Cláudio, onde criou sua família.
Com o fim da monarquia João Francisco se tornou
político ativo na região do Guandu. Fez parte da primeira junta que governou
Afonso Cláudio “O Conselho da Intendência Municipal da Villa Affonso Claudio”,
governando a vila em 1890, cuja nomeação foi dada pela Resolução n. 557,
transcrita a seguir:
“O vice-governador do Estado, resolve
nomear os cidadãos abaixo mencionados que têm de constituir os conselhos de
intendência municipal das vilas ‘Affonso Cláudio’ e ‘Piúma’. Os quaes deverão
ser empossados no ato da instalação oficial das referidas vilas: Villa Affonso
Cláudio, presidente: - Ramiro de Barros Conceição. Membros: - Miguel Pereira de
Mattos, João Francisco Machado Braga, Adolpho Rodrigues Gomes e João Teixeira
Alves.” (VIEIRA, 2009, p. 36).
Como
membro do conselho intendente, João Francisco assinou a resolução nº 23, de 16
de janeiro de 1890, do governador do estado do Espírito Santo, que versava
sobre os limites dos distritos da “Villa Affonso Cláudio” e Limoeiro (VIEIRA, 2009, p. 59, 60).
Em
6 de abril de 1892, devido a reclamações dos habitantes, que diziam não
conhecer os limites do município, uma nova revisão é feita, assinando o
documento, entre outros, João Francisco Machado Braga (VIEIRA, 2009, p. 93).
Em
1892, foi nomeado tenente quartel mestre do 6º
Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional no Espírito Santo, Comarca de
Santa Leopoldina (BRASIL, 1892).
Ainda no mesmo ano de 1892, houve eleições para governadores
municipais (vereadores) e juízes distritais, João Francisco foi um dos
intendentes que assinou a ata de apuração, além de ter concorrido a uma vaga de
juiz, não se elegendo (VIEIRA, 2009, p. 107).
Em 1894 foi
relacionado no alistamento eleitoral daquele ano, como eleitor da “1ª secção do
districto da Villa Affonso Claudio” (VIEIRA, 1892, p. 109).
Em
2 de setembro de 1894, o jornal “Estado do Espírito Santo”, publicou em sua
segunda página um acidente que ocorreu com João Francisco, dizendo o seguinte:
“Deu uma queda do cavalo em que montava, contundindo-se bastante, o nosso
correligionário tenente João Francisco Machado Braga, residente em Afonso Cláudio.”
Em
1896, João foi eleito juiz distrital de Afonso Cláudio, com 237 votos, sendo a
votação mais expressiva na ocasião (O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, 1892, p. 2). Em 1908, também concorreu ao cargo de juiz
distrital da cidade de Afonso Cláudio, mas não foi eleito.
Em
29 de março de 1902, João Francisco fez parte da comissão que decidiu os rumos
da construção da estrada que ligaria Araguaia a povoação de Boa Sorte, que
arrecadaria os fundos necessários e administraria o trabalho. Eram membros da
comissão os senhores: Genuíno de Andrade, presidente (juiz de direito da
comarca do Guandu), João Gonçalves da Silva, João Gomes da Silveira e Souza,
Laurindo José da Fonseca Lannes, Ramiro de Barros Conceição, João Francisco
Machado Braga e Manoel Correa da Silva (O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, 1902, p. 1).
Durante
a sua vida política, João Francisco foi sempre aliado do lendário Ramiro de
Barros Conceição, nos momentos de vitória e nos momentos polêmicos.
Seus
descendentes ajudaram a construir a história de Afonso Cláudio, onde muitos
ainda permanecem.
João
Francisco Machado Braga faleceu por volta de 1915, certamente em Afonso
Cláudio, ES.
Bibliografias
BRASIL. Ministério da
Justiça. Diário Oficial da União. 28 de julho de 1892. Nº 203.
LACERDA,
D. Pedro Maria de. Apontamentos da Visita Episcopal de 1886 na Província do
Espírito Santo: 24 de julho de 1886 a 28 de março de 1887. v.3.
O Cachoeirano. Cachoeiro de Itapemirim, 26 de março de 1882. Ano V, nº 13.
O Estado do Espírito Santo. Vitória,
2 de setembro de 1894. Ano XIV, nº 3546.
O Estado do Espírito Santo. Vitória, 4 de
abril de 1902. Ano XXI, nº 77.
O Estado do Espírito Santo. Vitória,
3 de março de 1896. Ano XV, nº 4149.
VIEIRA, José Eugênio. Afonso Cláudio:
cronologia de sua história política, administrativa e cultural. Vitória, 2009.
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