João Eutropio

Dr. Eutropio, como era conhecido, era natural do município de Muriaé, no distrito de Boa Família, distante 12 km da sede, no Estado de Minas Gerais, filho de Themístocles Eutrópio e Adélia Bellaniza Eutrópio (pais também de Milton Eutrópio). Nasceu no dia 12 de março de 1912 e faleceu aos 86 anos de idade, em Afonso Cláudio, onde foi sepultado, na data de 16 de setembro de 1998. (Livro nº 18C, fls. 91, nº 3633).
Fez o curso primário em Boa Família e o ginásio e científico no Liceu de Cataguazes, MG. Em 8 de dezembro de 1936, aos 24 anos de idade, diplomou-se em Medicina, cujo curso foi realizado na Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, da famosa Universidade do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro.
A prática hospitalar se deu em Gamboa e, posteriormente, na Pró-Matre, onde permaneceu até agosto de 1937, quando chegou à cidade de Afonso Cláudio.
Sua vinda para o município se deu pela influência do seu irmão mais velho, o Arthur, que no exercício de sua atividade transigia com comerciantes e proprietários de Afonso Cláudio e, nesses contatos, comentaram com ele sobre a necessidade de um médico para atender a população local, incumbindo-o de convidar o irmão recém-formado para tal empreitada.
Transmitindo o convite, João Eutrópio aceitou o desafio, mesmo sendo Afonso Cláudio uma cidade completamente estranha a ele e da qual nem sequer havia ouvido o nome.
Foi assim que, em agosto de 1937, ele chegou a Afonso Cláudio, carregando apenas uma mala de roupas e objetos pessoais e algumas caixas contendo material cirúrgico e literatura médica.
A sua competência, seriedade e presteza cativaram, já nos primeiros momentos, a confiança, o respeito e a amizade da população. Superando todas as dificuldades próprias da época, começou desde cedo a sentir na pele os efeitos da infra-estrutura precária do município. A cavalo, ia prestar atendimento na zona rural e aproveitava a solidão das viagens para arquitetar, em sua mente, um elenco de projetos que, mais tarde, conseguiu concretizar e implantar nesta terra.
A vida seguia seu curso normal e João Eutrópio já se radicara definitivamente a cidade quando, em 1º de julho de 1945, aos 33 anos, casou-se com Marfisa Leite, filha do então falecido Coronel Jose Cupertino Figueira Leite e de Marfisa de Barros Leite.
Do casamento, nasceram três filhos: Anderson Cupertino Eutrópio, Dagmar Eutrópio Fernandes e Hamilton Cupertino Eutrópio, além de Silézia de Castro Cunha filha adotada, com muito amor, pelo casal.
João Eutrópio adquiriu, antes mesmo de se casar, duas excelentes propriedades equidistantes 5 km da sede, sendo uma ao norte e outra ao sul desta. À localização sul, deu o nome de Fazenda Esmeralda, homenageando, assim, a pedra verde de seu anel de médico, a profissão a qual se dedicou sacerdotalmente. À segunda localizada ao norte, no lugar denominado Arrependido, deu o nome de Fazenda Espírito Santo, em homenagem ao Estado que tão bem o acolheu.
Muito ligado aos concunhados Álvaro Castello e Pedro Saleme, que eram políticos atuantes, e sendo também militante do PSD, partido político da época, elegeu-se Prefeito Municipal de Afonso Cláudio, pela primeira vez, em 1954, cumprindo o mandato de 1955 a 1959. Foi conduzido uma segunda vez ao mesmo cargo para o mandato de 1967 a 1971.
Por iniciativa privada, concluiu e equipou o Hospital São Vicente, às próprias expensas, instalando nele o Centro Cirúrgico e o Raio X, assim como construiu, ainda,o prédio, ao lado do BANESTES, inaugurado em 17 de abril de 1956, onde funcionou o Trianon Social Club, no segundo piso, e o Cine Renascença, no térreo. Fez também a doação do relógio da torre da Igreja Matriz.
Profundo amante desta terra que adotou como sua, a ela dedicou toda a sua vida, tendo a população como seus filhos. Aliás, realizou nada menos que 31.700 partos (registrados), o que corresponde, praticamente, a atual população do município.
Em 1993, mudou-se para a cidade de Belo Horizonte, mas em 1997 voltou para Afonso Cláudio, sua terra de coração.
"Durante muitos anos, realizou mais que um verdadeiro sacerdócio: cumpriu sua missão de médico como ninguém, levando a quase todos os cidadãos do seu município e até dos municípios vizinhos a esperança da medicina, que buscavam nos seus serviços a certeza da cura dos males que somente o médico, com a sua presença e a sua abnegação são capazes de tornar possível. Quantas noites indormidas passou pelas estradas, sem jamais arredar o pé dos propósitos de levar àqueles que o procuravam na esperança da solução dos seus males. Teve grande presença no desenvolvimento econômico, administrativo e cultural da cidade e do município.

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Fonte:


VIEIRA, José Eugênio. Afonso Cláudio: cronologia de sua história política, administrativa e cultural. Vitória, 2009. p.654.